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    Mídias alternativas e democratização da informação em debate no 7º Controversas

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    Prêmio Controversas

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  • sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

    Mariana Reis
    Controversas Mídias Alternativas contou com a participação de mais de 100 estudantes e reuniu 20 profissionais da área/Foto: Bianca Rangel
    A 7ª edição do Controversas contou com auditório lotado 
    e o público interagiu formulando 
    perguntas para integrantes das mesas/Foto: Bianca Rangel
    As manifestações que tomaram conta do país desde junho desse ano trouxeram muitas questões à tona. A relação da mídia hegemônica com os movimentos das ruas e a necessidade da proliferação de vozes foram, sem dúvida, algumas das mais relevantes. Não à toa, veículos alternativos como a Mídia Ninja ganharam tanto destaque e adesão de público. Nesse cenário, a sétima edição do Controversas já nasceu com um grande desafio colocado: como debater mídias alternativas sem repetir tantas discussões anteriores, sem parecer mais do mesmo e, ainda, como apresentar perspectivas interessantes dentro desse tema?

    Público atento fez diversas anotações durante o evento/
    Foto: Bianca Rangel
    As soluções encontradas pela organização/produção não só deram caldo, como foram responsáveis pela realização de um “evento notável”, nas palavras do mestre Dante Gastaldoni. Foram dois dias intensos com debates e trocas de ideias para lá de produtivas sobre: as possibilidades de atuar profissionalmente – e não só de forma militante – nesses veículos alternativos; a relação e reação da grande mídia à proliferação de vozes; os caminhos para a democratização da comunicação e da informação; e as possibilidades e modelos de financiamento para além dos tradicionais anunciantes.

    Emoção na entrega do II Prêmio Controversas, esse ano
    com seis categorias/ Foto: Bianca Rangel
    Mas não foram só os palestrantes e mediadores que garantiram o sucesso do evento. A segunda edição do Prêmio Controversas homenageou os melhores trabalhos realizados pelos estudantes do curso de Comunicação Social nas categorias Produção Gráfica, Reportagem para Rádio, Reportagem para Telejornal, Reportagem para Veículo On-line, Reportagem para Veículo Impresso e Fotojornalismo. A premiação, apresentada pela aluna Elena Wesley com muito garbo e elegância, teve até participação virtual de fora do país. O aluno Wesley Prado, considerado “vândalo” durante as manifestações de junho e preso enquanto fotografava, foi o vencedor na categoria Fotojornalismo e enviou uma mensagem da Espanha, onde está em intercâmbio.

    Palestrante do Prata da Casa foi transformada em Monalisa 
    em brincadeira do professor Ildo Nascimento/
    Foto: Mayara Mendes
    O Prata da Casa, que contou com a participação do ex-alunos do Iacs, Clarissa Gonzalez, Iane Filgueiras, Gabriel Fricke, Rennê Nunes e Luã Marinatto, encerrou a sétima edição do Controversas com chave de ouro. Afinal, o retorno de ex-alunos ao nosso querido casarão rosa para compartilhar suas experiências profissionais e pessoais é sempre uma grande alegria, e excelente motivo para matar as saudades... Podem perguntar aos convidados! Eles por sinal, também puderam conferir as tradicionais brincadeiras de boas-vindas do professor Ildo Nascimento, que colocou o público para rir com direito a montagens de palestrantes com corpo dos Simpsons e reprodução de quadro da Monalisa.

    Coffee break foi animado: cerca de 450 biscoitinhos foram 
    devorados no intervalo do Controversas/Foto: Divulgação
    Durante os dois dias de Controversas, recebemos mais de 100 estudantes do nosso curso, 20 profissionais da área – contando com os nossos ilustríssimos professores, claro –, prêmio de jornalismo universitário, cerca de 450 biscoitinhos salgados devorados... Além do charme do Filipe Galvão, como bem fez questão de lembrar o amigo e também estudante Douglas Nascimento em vídeo sobre o Controversas – um evento com muito sexy appeal e bem classificado no Lulu (o mais novo e polêmico aplicativo no qual mulheres podem avaliar seus ex-namorados).

    Esperamos todos e todas no próximo semestre, na 8ª edição do Controversas. Fiquem a vontade, certamente serão muito bem vindos!





























    Artigo: Controversas, um “evento notável” (e com muito sexy appeal)

    Postado As:  07:10  |  Em:    |  Mais informações »

    Mariana Reis
    Controversas Mídias Alternativas contou com a participação de mais de 100 estudantes e reuniu 20 profissionais da área/Foto: Bianca Rangel
    A 7ª edição do Controversas contou com auditório lotado 
    e o público interagiu formulando 
    perguntas para integrantes das mesas/Foto: Bianca Rangel
    As manifestações que tomaram conta do país desde junho desse ano trouxeram muitas questões à tona. A relação da mídia hegemônica com os movimentos das ruas e a necessidade da proliferação de vozes foram, sem dúvida, algumas das mais relevantes. Não à toa, veículos alternativos como a Mídia Ninja ganharam tanto destaque e adesão de público. Nesse cenário, a sétima edição do Controversas já nasceu com um grande desafio colocado: como debater mídias alternativas sem repetir tantas discussões anteriores, sem parecer mais do mesmo e, ainda, como apresentar perspectivas interessantes dentro desse tema?

    Público atento fez diversas anotações durante o evento/
    Foto: Bianca Rangel
    As soluções encontradas pela organização/produção não só deram caldo, como foram responsáveis pela realização de um “evento notável”, nas palavras do mestre Dante Gastaldoni. Foram dois dias intensos com debates e trocas de ideias para lá de produtivas sobre: as possibilidades de atuar profissionalmente – e não só de forma militante – nesses veículos alternativos; a relação e reação da grande mídia à proliferação de vozes; os caminhos para a democratização da comunicação e da informação; e as possibilidades e modelos de financiamento para além dos tradicionais anunciantes.

    Emoção na entrega do II Prêmio Controversas, esse ano
    com seis categorias/ Foto: Bianca Rangel
    Mas não foram só os palestrantes e mediadores que garantiram o sucesso do evento. A segunda edição do Prêmio Controversas homenageou os melhores trabalhos realizados pelos estudantes do curso de Comunicação Social nas categorias Produção Gráfica, Reportagem para Rádio, Reportagem para Telejornal, Reportagem para Veículo On-line, Reportagem para Veículo Impresso e Fotojornalismo. A premiação, apresentada pela aluna Elena Wesley com muito garbo e elegância, teve até participação virtual de fora do país. O aluno Wesley Prado, considerado “vândalo” durante as manifestações de junho e preso enquanto fotografava, foi o vencedor na categoria Fotojornalismo e enviou uma mensagem da Espanha, onde está em intercâmbio.

    Palestrante do Prata da Casa foi transformada em Monalisa 
    em brincadeira do professor Ildo Nascimento/
    Foto: Mayara Mendes
    O Prata da Casa, que contou com a participação do ex-alunos do Iacs, Clarissa Gonzalez, Iane Filgueiras, Gabriel Fricke, Rennê Nunes e Luã Marinatto, encerrou a sétima edição do Controversas com chave de ouro. Afinal, o retorno de ex-alunos ao nosso querido casarão rosa para compartilhar suas experiências profissionais e pessoais é sempre uma grande alegria, e excelente motivo para matar as saudades... Podem perguntar aos convidados! Eles por sinal, também puderam conferir as tradicionais brincadeiras de boas-vindas do professor Ildo Nascimento, que colocou o público para rir com direito a montagens de palestrantes com corpo dos Simpsons e reprodução de quadro da Monalisa.

    Coffee break foi animado: cerca de 450 biscoitinhos foram 
    devorados no intervalo do Controversas/Foto: Divulgação
    Durante os dois dias de Controversas, recebemos mais de 100 estudantes do nosso curso, 20 profissionais da área – contando com os nossos ilustríssimos professores, claro –, prêmio de jornalismo universitário, cerca de 450 biscoitinhos salgados devorados... Além do charme do Filipe Galvão, como bem fez questão de lembrar o amigo e também estudante Douglas Nascimento em vídeo sobre o Controversas – um evento com muito sexy appeal e bem classificado no Lulu (o mais novo e polêmico aplicativo no qual mulheres podem avaliar seus ex-namorados).

    Esperamos todos e todas no próximo semestre, na 8ª edição do Controversas. Fiquem a vontade, certamente serão muito bem vindos!





























    sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

    Nelson Lima Neto

    As formas de financiamento das mídias alternativas foram apontadas no segundo dia do Controversas, em mesa que contou com quatro palestrantes e mediação do professor Márcio Castilho/Foto: Bianca Rangel
    Na busca de se adaptar frente às dificuldades para uma produção jornalística qualificada, as mídias alternativas apresentam engenharias financeiras que unem boas ideias ao interesse coletivo. Para explicar um pouco mais do trabalho feito por esses novos grupos midiáticos, o Controversas Mídias Alternativas formou a mesa Modelos para driblar a dependência do anunciante. Na bancada, Marina Amaral, coordenadora da Agência Pública, Carlos Juliano Barros, jornalista da ONG Repórter Brasil e a dupla do Catarse, Rodrigo Maia, responsável por Gestão e Estratégia, e Felipe Caruso, coordenador de Comunicação e Imprensa, debateram o tema no segundo dia do Controversas.

    Rodrigo Maia explicou o crowdfuding: "um
    meio de campo para conseguir financiadores"/
    Foto: Bianca Rangel
    Márcio Castilho, mediador e professor da UFF, não perdeu tempo ao anunciar a mesa. A dúvida de muitos estava sobre um ponto fundamental nesta forma de bancar as novas mídias: o crowdfuding, ou financiamento coletivo, em português. Rodrigo Maia, coordenador do Catarse, foi didático ao explicar o processo de financiamento.

    “O crowdfuding requer uma explicação mais ampla. Mas, em grosso modo, nós aprovamos uma pauta, um projeto. Então vamos atrás de alguns setores e parceiros para ter o financiamento. Eles passam a possuir uma “porcentagem” naquele trabalho, se tornam viabilizadores. Existem os que apoiam pelo bem coletivo, por achar que a pauta pode resultar em algo bom para a sociedade. Outros preferem crédito no resultado final. Nós fazemos esse meio de campo para arrecadar e chegar a possíveis financiadores”, esclareceu.

    Marina Amaral falou sobre função social do jornalismo e criticou grandes
    empresas: "Não serve mais a quem deveria servir"/Foto: Bianca Rangel
    Marina Amaral falou mais sobre o sentimento dos que trabalham nas novas “agências”. Com passagem de sucesso por grandes redações paulistas, Marina lembrou que o jornalismo é, antes de tudo, uma atividade com função social.

    “Nós saímos em busca de um sonho profissional. Hoje, o grande jornalismo, que é feito pelos grandes jornais, abandonou por completo sua função social. Não serve mais a quem deveria servir. As empresas ficaram mais covardes. Saímos e por isso começamos a trabalhar com muitas dificuldades. Sempre será necessário um apoio externo, mas nós sempre vamos atrelar o jornalismo com ativismo”, declarou.

    Felipe Caruso lembrou da parceria com a Agência
    Pública: últimos trabalhos tiveram o apoio do Catarse/
    Foto: Bianca Rangel
    Felipe Caruso, também do Catarse, aproveitou para relembrar as parcerias que são feitas pelos “novos personagens” da mídia.

    “Para dar um exemplo de crowdfunding, alguns dos últimos trabalhos feitos pela Agência Pública aconteceram por meio do Catarse. Eles nos enviaram o projeto e nós avaliamos. Daí, partimos atrás dos financiadores e apoiamos a ideia. Sempre que não for possível que um projeto seja feito com recursos próprios, nós surgimos com uma opção frente à escassez de recursos”, frisou.

    Alternativa e especializada
    Já Carlos Juliano Barros, jornalista do Repórter Brasil, apresentou uma visão mais segmentada do trabalho das mídias alternativas. Caju, como é conhecido no meio, lembrou que o diferencial da ONG, criada em 2001, está na definição, desde cedo, da sua abordagem. Focando grande parte de suas matérias em assuntos relacionados ao trabalho, o Repórter Brasil se tornou uma espécie de fiscalizadora das condições de trabalho pelo país.

    Carlos Juliano Barros usou o exemplo da ONG Repórter
    Brasil para citar o que acredita ser  o novo caminho
    do jornalismo, o da parceria/Foto: Bianca Rangel
    “Estamos mais voltados para monitorar o trabalho no Brasil. Somos conhecidos por produzir um conteúdo de qualidade nesse tema. Vou citar como exemplo a Cozan, uma companhia da Noruega, que buscava empresas para investir no Brasil. Sem conseguir estudos de qualidade, a empresa fez uma parceria com o Repórter Brasil para a produção de conteúdo atrelada a um retorno dos possíveis locais de investimentos. Isso mostra um novo caminho para o jornalismo. Um caminho de parcerias”, concluiu o jornalista, que ressaltou ainda o caráter colaborativo da produção jornalística da ONG.

    Financiamento coletivo em jornalismo: nova alternativa frente ao “domínio econômico” dos grandes conglomerados

    Postado As:  16:47  |  Em:    |  Mais informações »

    Nelson Lima Neto

    As formas de financiamento das mídias alternativas foram apontadas no segundo dia do Controversas, em mesa que contou com quatro palestrantes e mediação do professor Márcio Castilho/Foto: Bianca Rangel
    Na busca de se adaptar frente às dificuldades para uma produção jornalística qualificada, as mídias alternativas apresentam engenharias financeiras que unem boas ideias ao interesse coletivo. Para explicar um pouco mais do trabalho feito por esses novos grupos midiáticos, o Controversas Mídias Alternativas formou a mesa Modelos para driblar a dependência do anunciante. Na bancada, Marina Amaral, coordenadora da Agência Pública, Carlos Juliano Barros, jornalista da ONG Repórter Brasil e a dupla do Catarse, Rodrigo Maia, responsável por Gestão e Estratégia, e Felipe Caruso, coordenador de Comunicação e Imprensa, debateram o tema no segundo dia do Controversas.

    Rodrigo Maia explicou o crowdfuding: "um
    meio de campo para conseguir financiadores"/
    Foto: Bianca Rangel
    Márcio Castilho, mediador e professor da UFF, não perdeu tempo ao anunciar a mesa. A dúvida de muitos estava sobre um ponto fundamental nesta forma de bancar as novas mídias: o crowdfuding, ou financiamento coletivo, em português. Rodrigo Maia, coordenador do Catarse, foi didático ao explicar o processo de financiamento.

    “O crowdfuding requer uma explicação mais ampla. Mas, em grosso modo, nós aprovamos uma pauta, um projeto. Então vamos atrás de alguns setores e parceiros para ter o financiamento. Eles passam a possuir uma “porcentagem” naquele trabalho, se tornam viabilizadores. Existem os que apoiam pelo bem coletivo, por achar que a pauta pode resultar em algo bom para a sociedade. Outros preferem crédito no resultado final. Nós fazemos esse meio de campo para arrecadar e chegar a possíveis financiadores”, esclareceu.

    Marina Amaral falou sobre função social do jornalismo e criticou grandes
    empresas: "Não serve mais a quem deveria servir"/Foto: Bianca Rangel
    Marina Amaral falou mais sobre o sentimento dos que trabalham nas novas “agências”. Com passagem de sucesso por grandes redações paulistas, Marina lembrou que o jornalismo é, antes de tudo, uma atividade com função social.

    “Nós saímos em busca de um sonho profissional. Hoje, o grande jornalismo, que é feito pelos grandes jornais, abandonou por completo sua função social. Não serve mais a quem deveria servir. As empresas ficaram mais covardes. Saímos e por isso começamos a trabalhar com muitas dificuldades. Sempre será necessário um apoio externo, mas nós sempre vamos atrelar o jornalismo com ativismo”, declarou.

    Felipe Caruso lembrou da parceria com a Agência
    Pública: últimos trabalhos tiveram o apoio do Catarse/
    Foto: Bianca Rangel
    Felipe Caruso, também do Catarse, aproveitou para relembrar as parcerias que são feitas pelos “novos personagens” da mídia.

    “Para dar um exemplo de crowdfunding, alguns dos últimos trabalhos feitos pela Agência Pública aconteceram por meio do Catarse. Eles nos enviaram o projeto e nós avaliamos. Daí, partimos atrás dos financiadores e apoiamos a ideia. Sempre que não for possível que um projeto seja feito com recursos próprios, nós surgimos com uma opção frente à escassez de recursos”, frisou.

    Alternativa e especializada
    Já Carlos Juliano Barros, jornalista do Repórter Brasil, apresentou uma visão mais segmentada do trabalho das mídias alternativas. Caju, como é conhecido no meio, lembrou que o diferencial da ONG, criada em 2001, está na definição, desde cedo, da sua abordagem. Focando grande parte de suas matérias em assuntos relacionados ao trabalho, o Repórter Brasil se tornou uma espécie de fiscalizadora das condições de trabalho pelo país.

    Carlos Juliano Barros usou o exemplo da ONG Repórter
    Brasil para citar o que acredita ser  o novo caminho
    do jornalismo, o da parceria/Foto: Bianca Rangel
    “Estamos mais voltados para monitorar o trabalho no Brasil. Somos conhecidos por produzir um conteúdo de qualidade nesse tema. Vou citar como exemplo a Cozan, uma companhia da Noruega, que buscava empresas para investir no Brasil. Sem conseguir estudos de qualidade, a empresa fez uma parceria com o Repórter Brasil para a produção de conteúdo atrelada a um retorno dos possíveis locais de investimentos. Isso mostra um novo caminho para o jornalismo. Um caminho de parcerias”, concluiu o jornalista, que ressaltou ainda o caráter colaborativo da produção jornalística da ONG.

    quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

    Setor de Jornalismo da UFF premia melhores produções do curso no Prêmio Controversas

    Bianca Alcaraz e Paula Rodrigues

    O II Prêmio Controversas teve 30 trabalhos inscritos em seis categorias, novidade deste ano. Na foto a coordenadora do Controversas, Larissa Morais com o ganhador da categoria Criação Gráfica, André Borba/Foto: Bianca Rangel
    Elena apresentou o prêmio com empolgação
    e conquistou o público/Foto: Bianca Rangel
    A premiação parecia ganhar cor. Flor no cabelo, esmalte nas unhas, blazer e botas combinando. Tudo roxo. A convidada para a entrega do II Prêmio Controversas de Jornalismo estava tão ansiosa quanto aqueles que aguardavam pelo resultado. Elena Batista, segunda colocada na primeira edição do evento, deu tom ao anúncio dos vencedores. Ninguém melhor do que ela para transmitir ao público presente a emoção de ver reconhecido o esforço dedicado à realização de um trabalho, diante de alunos e professores que orientaram e acompanharam o processo. A própria Elena disse acreditar que sua espontaneidade contribuiu para que a cerimônia ocorresse em um clima bem descontraído.

    O som da vinheta dava ritmo à premiação, que teve início com a categoria Produção Gráfica em Jornalismo. Os responsáveis pela avaliação dos trabalhos foram os professores Alexandre Farbiarz e João Alt , do Departamento de Comunicação Social da UFF, e o editor assistente de arte do Globo, Alessandro Alvim. Um envelope cor de rosa carregava a informação que todos esperavam: o nome do vencedor. E com a 4ª edição do jornal O Casarão , os premiados foram André Borba e Igor Marinho. Apesar da ausência do parceiro, André falou com muito orgulho do resultado e compartilhou a vitória com toda a equipe envolvida no projeto. “Esse prêmio não é só meu, mas de todos que participam de O Casarão e contribuem para sua realização. Eu comecei no primeiro período e estou envolvido até hoje”, comentou o aluno do quarto período de jornalismo.
    As alunas Jackeline Chagas e Natasha Dias levaram o prêmio de rádio
    com reportagem sobre reciclagem/Foto: Bianca Rangel

    Na categoria Reportagem para Rádio, a dupla de meninas, Jackeline Chagas e Natasha Dias foi a vencedora com a matéria “Reciclagem de Lixo Orgânico”. A chefe do Departamento de Comunicação Social, Ana Baumworcel, que foi uma das juradas, entregou a premiação, orgulhosa de suas alunas. Além dela, participaram do júri desta categoria a professora Helen Britto e a jornalista Jaqueline Deister, do programa Zoasom.

     Thamiris Paiva posa para foto com a jurada Denise Tavares.
    A aluna e sua amiga Daniela Reis venceram na categoria
    de telejornalismo/Foto: Bianca Rangel
    O envelope rosa traria em seguida o resultado da categoria Reportagem para Telejornal, que premiou as alunas Daniela Reis e Thamiris Paiva. A matéria “Os Desafios do Autismo” feita para o Bits Ciência, revista de divulgação científica, inovação e tecnologia da UFF, foi elogiada pela responsável pela entrega do prêmio e jurada, a professora Denise Tavares. O júri também contou com a participação da professora Renata Rezende e do repórter que já trabalhou em canais como a Band e o SBT, e atualmente atua como freelancer, Che Oliveira.

    Uma das maiores surpresas da noite foi a premiação da categoria Reportagem para Veículo On-line. A aluna vencedora está ainda no primeiro período e apesar de ter entrado há pouco tempo na universidade, em sua matéria “Hoje é Tudo Azul”  abordou a questão do autismo de um modo que conquistou o júri. Mariana Rocha venceu por unanimidade. Mesmo sem estar presente, deixou o público boquiaberto diante de sua vitória. A análise do trabalho foi feita pelas professoras Carla Baiense e Daniele Brasiliense, e por Nice de Paula, do O Globo

    E...Atenção, produção! Algo estranho está acontecendo. A ordem de entrega dos prêmios foi alterada. A categoria Reportagem para Veículo Impresso, que seria a última a ser anunciada de acordo com a ordem estipulada pela equipe do evento, foi antecipada. Mas explicação para a alteração viria a seguir somente mais tarde. O convidado para fazer a entrega da premiação foi o professor Márcio Castilho, que participou do processo de avaliação ao lado do professor Pedro Aguiar e da jornalista da Petrobras, Consuelo Sanchez. 
    A reportagem sobre futebol das estudantes Nathália Vincentis e Sabrina Sousa foi a vencedora da categoria impresso,  a mais concorrida, com 11 inscrições/Foto: Bianca Rangel
    Também por unanimidade, a vencedora foi a matéria “O País do Futebol”, escrita pela dupla Nathália Vincentis e Sabrina Sousa. As alunas se surpreenderam com o resultado e tiveram apoio de um grupo de amigas que não escondiam a felicidade, na hora do anúncio. Elas aplaudiram muito e gritaram, quando as amigas foram receber o prêmio. “Foi por causa do futebol que entramos para o curso”, disseram. Por sua tradição no Jornalismo, esta foi a categoria com mais inscritos, totalizando 11 trabalhos. Não só a quantidade, mas a qualidade era tamanha que os jurados se viram diante da dificuldade de eleger apenas um vencedor para a premiação. Um dos componentes chegou a sugerir a entrega de menção honrosa para outro trabalho.

    Grand finale
    O clima de tensão ainda estava no ar antes da entrega da última categoria do prêmio: Fotojornalismo. A equipe de produção ainda se perguntava o porquê da mudança na ordem. Ao abrir o envelope cor de rosa, Elena compreendeu o motivo. Com o ensaio “O povo na rua: movimentos sociais buscam mudanças”, o vencedor foi o aluno Wesley Prado. Mesmo com ele estando a quilômetros de distância, em intercâmbio na Espanha, era possível sentir que todos compartilhavam da mesma felicidade com o resultado. 

    Uma das fotos de Wesley Prado,
     vencedor da categoria de fotojornalismo
    com ensaio sobre as manifestações
    “Foram as fotos que falaram por ele e garantiram o primeiro lugar. As angulações da câmera, o olhar crítico e seu envolvimento emocional e ideológico com os movimentos de protesto que ocuparam as ruas do rio resultaram em um registro denso e poético”, foram as palavras emocionadas do professor Dante Gastaldoni. 


    O professor enfatizou a paixão e o envolvimento de Wesley, não só pela fotografia, mas pela cena que estava diante da câmera. A premiação representa o reconhecimento de uma longa trajetória diante das últimas manifestações. Toda a universidade esteve envolvida com o caso do aluno, que foi preso acusado por formação de quadrilha, quando estava fotografando ao lado de tantas outras pessoas, na Assembléia Legislativa do Estado do Rio Janeiro (Alerj). O resultado demonstra que ele venceu. O sacrifício e o esforço valeram a pena. 

    Wesley mandou um vídeo da Espanha e foi muito elogiado
    pelo amigo Filipe Galvão e pelo professor Dante Gastaldoni/Foto: Bianca Rangel
    Orgulhoso, ao receber o prêmio no lugar de Wesley amigo, o estudante de Jornalismo Filipe Galvão, disse ser a paixão pela fotografia que move os passos do amigo. “Ninguém faz isso como ele”, completou. Depois de tantas homenagens e com o auxílio das novas tecnologias, Wesley conseguiu estar presente no evento. Através de um vídeo gravado e transmitido por Filipe diante de toda a plateia, agradeceu a premiação e o apoio oferecido pelos professores Dante Gastaldoni e Rômulo Corrêa, além de toda a universidade que esteve ao seu lado.

    Por trás da cena, aqueles que assistiram a cerimônia não poderiam imaginar todo o processo realizado até que o prêmio pudesse chegar às mãos dos vencedores. Ao todo, foram 30 trabalhos inscritos, produzidos por cerca de 50 alunos. Desde o convite aos jurados até a apuração do resultado final, o cuidado e atenção foram fundamentais para que tudo desse certo. A troca de e-mails era constante. O sigilo era essencial para a surpresa. 

    Toda a equipe esteve envolvida na divulgação das novas categorias. Entre cartazes, redes sociais e muito boca a boca. O prêmio oferecido aos vencedores foi de responsabilidade dos alunos inscritos na disciplina Projeto de Extensão VII. Foram produzidas canecas personalizadas com os nomes dos premiados e a categoria correspondente, além de livros doados pela Eduff, e convites para o cinema Estação, que também apoiou o evento. O empenho foi grande, mas o resultado era visível nos rostos dos que estiveram presentes. Várias foram as demonstrações de gratidão entre alunos, professores, jurados e palestrantes. “Até ano que vem, pessoal”, despediu-se Elena. 

    As surpresas do envelope cor de rosa

    Postado As:  04:19  |  Em:    |  Mais informações »

    Setor de Jornalismo da UFF premia melhores produções do curso no Prêmio Controversas

    Bianca Alcaraz e Paula Rodrigues

    O II Prêmio Controversas teve 30 trabalhos inscritos em seis categorias, novidade deste ano. Na foto a coordenadora do Controversas, Larissa Morais com o ganhador da categoria Criação Gráfica, André Borba/Foto: Bianca Rangel
    Elena apresentou o prêmio com empolgação
    e conquistou o público/Foto: Bianca Rangel
    A premiação parecia ganhar cor. Flor no cabelo, esmalte nas unhas, blazer e botas combinando. Tudo roxo. A convidada para a entrega do II Prêmio Controversas de Jornalismo estava tão ansiosa quanto aqueles que aguardavam pelo resultado. Elena Batista, segunda colocada na primeira edição do evento, deu tom ao anúncio dos vencedores. Ninguém melhor do que ela para transmitir ao público presente a emoção de ver reconhecido o esforço dedicado à realização de um trabalho, diante de alunos e professores que orientaram e acompanharam o processo. A própria Elena disse acreditar que sua espontaneidade contribuiu para que a cerimônia ocorresse em um clima bem descontraído.

    O som da vinheta dava ritmo à premiação, que teve início com a categoria Produção Gráfica em Jornalismo. Os responsáveis pela avaliação dos trabalhos foram os professores Alexandre Farbiarz e João Alt , do Departamento de Comunicação Social da UFF, e o editor assistente de arte do Globo, Alessandro Alvim. Um envelope cor de rosa carregava a informação que todos esperavam: o nome do vencedor. E com a 4ª edição do jornal O Casarão , os premiados foram André Borba e Igor Marinho. Apesar da ausência do parceiro, André falou com muito orgulho do resultado e compartilhou a vitória com toda a equipe envolvida no projeto. “Esse prêmio não é só meu, mas de todos que participam de O Casarão e contribuem para sua realização. Eu comecei no primeiro período e estou envolvido até hoje”, comentou o aluno do quarto período de jornalismo.
    As alunas Jackeline Chagas e Natasha Dias levaram o prêmio de rádio
    com reportagem sobre reciclagem/Foto: Bianca Rangel

    Na categoria Reportagem para Rádio, a dupla de meninas, Jackeline Chagas e Natasha Dias foi a vencedora com a matéria “Reciclagem de Lixo Orgânico”. A chefe do Departamento de Comunicação Social, Ana Baumworcel, que foi uma das juradas, entregou a premiação, orgulhosa de suas alunas. Além dela, participaram do júri desta categoria a professora Helen Britto e a jornalista Jaqueline Deister, do programa Zoasom.

     Thamiris Paiva posa para foto com a jurada Denise Tavares.
    A aluna e sua amiga Daniela Reis venceram na categoria
    de telejornalismo/Foto: Bianca Rangel
    O envelope rosa traria em seguida o resultado da categoria Reportagem para Telejornal, que premiou as alunas Daniela Reis e Thamiris Paiva. A matéria “Os Desafios do Autismo” feita para o Bits Ciência, revista de divulgação científica, inovação e tecnologia da UFF, foi elogiada pela responsável pela entrega do prêmio e jurada, a professora Denise Tavares. O júri também contou com a participação da professora Renata Rezende e do repórter que já trabalhou em canais como a Band e o SBT, e atualmente atua como freelancer, Che Oliveira.

    Uma das maiores surpresas da noite foi a premiação da categoria Reportagem para Veículo On-line. A aluna vencedora está ainda no primeiro período e apesar de ter entrado há pouco tempo na universidade, em sua matéria “Hoje é Tudo Azul”  abordou a questão do autismo de um modo que conquistou o júri. Mariana Rocha venceu por unanimidade. Mesmo sem estar presente, deixou o público boquiaberto diante de sua vitória. A análise do trabalho foi feita pelas professoras Carla Baiense e Daniele Brasiliense, e por Nice de Paula, do O Globo

    E...Atenção, produção! Algo estranho está acontecendo. A ordem de entrega dos prêmios foi alterada. A categoria Reportagem para Veículo Impresso, que seria a última a ser anunciada de acordo com a ordem estipulada pela equipe do evento, foi antecipada. Mas explicação para a alteração viria a seguir somente mais tarde. O convidado para fazer a entrega da premiação foi o professor Márcio Castilho, que participou do processo de avaliação ao lado do professor Pedro Aguiar e da jornalista da Petrobras, Consuelo Sanchez. 
    A reportagem sobre futebol das estudantes Nathália Vincentis e Sabrina Sousa foi a vencedora da categoria impresso,  a mais concorrida, com 11 inscrições/Foto: Bianca Rangel
    Também por unanimidade, a vencedora foi a matéria “O País do Futebol”, escrita pela dupla Nathália Vincentis e Sabrina Sousa. As alunas se surpreenderam com o resultado e tiveram apoio de um grupo de amigas que não escondiam a felicidade, na hora do anúncio. Elas aplaudiram muito e gritaram, quando as amigas foram receber o prêmio. “Foi por causa do futebol que entramos para o curso”, disseram. Por sua tradição no Jornalismo, esta foi a categoria com mais inscritos, totalizando 11 trabalhos. Não só a quantidade, mas a qualidade era tamanha que os jurados se viram diante da dificuldade de eleger apenas um vencedor para a premiação. Um dos componentes chegou a sugerir a entrega de menção honrosa para outro trabalho.

    Grand finale
    O clima de tensão ainda estava no ar antes da entrega da última categoria do prêmio: Fotojornalismo. A equipe de produção ainda se perguntava o porquê da mudança na ordem. Ao abrir o envelope cor de rosa, Elena compreendeu o motivo. Com o ensaio “O povo na rua: movimentos sociais buscam mudanças”, o vencedor foi o aluno Wesley Prado. Mesmo com ele estando a quilômetros de distância, em intercâmbio na Espanha, era possível sentir que todos compartilhavam da mesma felicidade com o resultado. 

    Uma das fotos de Wesley Prado,
     vencedor da categoria de fotojornalismo
    com ensaio sobre as manifestações
    “Foram as fotos que falaram por ele e garantiram o primeiro lugar. As angulações da câmera, o olhar crítico e seu envolvimento emocional e ideológico com os movimentos de protesto que ocuparam as ruas do rio resultaram em um registro denso e poético”, foram as palavras emocionadas do professor Dante Gastaldoni. 


    O professor enfatizou a paixão e o envolvimento de Wesley, não só pela fotografia, mas pela cena que estava diante da câmera. A premiação representa o reconhecimento de uma longa trajetória diante das últimas manifestações. Toda a universidade esteve envolvida com o caso do aluno, que foi preso acusado por formação de quadrilha, quando estava fotografando ao lado de tantas outras pessoas, na Assembléia Legislativa do Estado do Rio Janeiro (Alerj). O resultado demonstra que ele venceu. O sacrifício e o esforço valeram a pena. 

    Wesley mandou um vídeo da Espanha e foi muito elogiado
    pelo amigo Filipe Galvão e pelo professor Dante Gastaldoni/Foto: Bianca Rangel
    Orgulhoso, ao receber o prêmio no lugar de Wesley amigo, o estudante de Jornalismo Filipe Galvão, disse ser a paixão pela fotografia que move os passos do amigo. “Ninguém faz isso como ele”, completou. Depois de tantas homenagens e com o auxílio das novas tecnologias, Wesley conseguiu estar presente no evento. Através de um vídeo gravado e transmitido por Filipe diante de toda a plateia, agradeceu a premiação e o apoio oferecido pelos professores Dante Gastaldoni e Rômulo Corrêa, além de toda a universidade que esteve ao seu lado.

    Por trás da cena, aqueles que assistiram a cerimônia não poderiam imaginar todo o processo realizado até que o prêmio pudesse chegar às mãos dos vencedores. Ao todo, foram 30 trabalhos inscritos, produzidos por cerca de 50 alunos. Desde o convite aos jurados até a apuração do resultado final, o cuidado e atenção foram fundamentais para que tudo desse certo. A troca de e-mails era constante. O sigilo era essencial para a surpresa. 

    Toda a equipe esteve envolvida na divulgação das novas categorias. Entre cartazes, redes sociais e muito boca a boca. O prêmio oferecido aos vencedores foi de responsabilidade dos alunos inscritos na disciplina Projeto de Extensão VII. Foram produzidas canecas personalizadas com os nomes dos premiados e a categoria correspondente, além de livros doados pela Eduff, e convites para o cinema Estação, que também apoiou o evento. O empenho foi grande, mas o resultado era visível nos rostos dos que estiveram presentes. Várias foram as demonstrações de gratidão entre alunos, professores, jurados e palestrantes. “Até ano que vem, pessoal”, despediu-se Elena. 

    quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

    Mayara Mendes

    Primeira mesa do segundo dia do Controversas teve como tema a democratização da informação/Foto: Bianca Rangel
    "O Caminhos da Reportagem era uma espécie de documentário para televisão. Buscávamos fazer coisas diferentes dos programas tradicionais. Não abordávamos só dieta, bicho, bicho, dieta." A fala da palestrante Vivian Carneiro, ex-produtora da TV Brasil, resume a pluralidade defendida a todo momento pelas palestrantes em Caminhos para a democratização da informação, primeira mesa do segundo dia do Controversas. Formada integralmente por ex-alunas da UFF, a mesa contou também com a presença de Sheila Jacob, do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), e Raquel Júnia, repórter da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). A mediação foi da professora da UFF Sylvia Moretzsohn. 

    Vivian Carneiro frisou a importância de bons equipamentos
    para a conquista do público/Foto: Bianca Rangel
    As palestrantes apontaram alternativas para uma mídia mais plural. Vivian Carneiro, por exemplo, ressaltou os problemas técnicos como um grande empecilho ainda existente para uma comunicação pública de qualidade, principalmente no ramo televisivo, no qual trabalhou por dez anos na TV Brasil: 

    “Quem trabalha com TV pública tem dificuldades no dia-a-dia. Os equipamentos nunca são de ponta. Com a internet, é difícil conquistar o público sem apresentar qualidade técnica. Deve-se pensar em equipamentos de qualidade, isso é um caminho para a audiência”, assegurou. 

    Em sua apresentação, Sheila Jacob lembrou do papel
    das mídias comunitárias/Foto: Bianca Rangel
    Já Sheila Jacob usou o exemplo recente da greve dos professores para chamar a atenção para a necessidade de abordar de outra forma assuntos que envolvam o que chamou de "grupos silenciados" – quer dizer, que não tem voz nas mídias comerciais. Segundo Sheila é necessária uma releitura dos fatos recorrentes, que pode ser feita pelos veículos alternativos. Para isso, ela conta que o NPC tem realizado cursos de comunicação popular há mais de dez anos com o intuito de estimular a criação de mídias comunitárias. “Produzir comunicação é algo muito importante, por isso este investimento”.

    Quem também falou sobre as manifestações dos professores foi Arthur Willian, integrante do Conselho Diretor do Coletivo Intervozes. Apesar de não conseguir estar presente, ele enviou um vídeo exibido no Controversas. Arthur mostrou a constante participação, com celulares e câmeras, de quem acompanhava de muito perto os acontecimentos. “Comunicar é uma tarefa de todos nós, só assim podemos conseguir nossas vitórias”, afirmou.

    A participação de Raquel Júnia no Controversas coincidiu com o fim da greve de 15 dias da EBC. Repórter da instituição, ela contou os desafios enfrentados e as reivindicações em pauta. “A EBC nasceu para ser uma empresa pública de comunicação, para competir inclusive com as outras mídias e equilibrar essa balança entre comunicação alternativa e tradicional, que é completamente desequilibrada. No entanto, a empresa ainda não cumpre este papel. Durante esta greve nós pudemos formular o que a gente acredita que deve ser a comunicação pública.”
    Raquel Júnia falou sobre os sonhos da equipe da EBC,
     entre eles melhores condições de competir
    e respeito com os trabalhadores/Foto: Bianca Rangel

    Raquel contou que os funcionários fizeram uma árvore de sonhos da comunicação pública, assim como na EBC de São Paulo. Entre os sonhos motivadores da greve estão uma comunicação com condições técnicas de competir com outras emissoras, relações de trabalho saudáveis, respeito com os trabalhadores, espaços para democracia interna, além de uma comunicação diversa e regionalizada. “Isso não é nada novo, está na lei de criação da EBC”.

    Raquel apontou ainda o incentivo às mídias alternativas nas faculdades de Comunicação como uma boa maneira de fomentar o estabelecimento desses veículos. A jornalista está vinculada ao Fazendo Media, publicação que surgiu na UFF com o Diretório Acadêmico de Comunicação. “O Fazendo Media surgiu a partir da reflexão dos professores aqui do Iacs, que nos provocavam sempre a pensar a mídia comercial, pensar quais eram as lacunas e que atores estavam invisibilizados.”

    Da universidade ao mercado de trabalho, os sonhos da árvore de Raquel Júnia e das demais palestrantes ilustram a busca de um novo cenário da mídia brasileira.




    Quando o sonho é a busca por uma democratização

    Postado As:  08:32  |  Em:    |  Mais informações »

    Mayara Mendes

    Primeira mesa do segundo dia do Controversas teve como tema a democratização da informação/Foto: Bianca Rangel
    "O Caminhos da Reportagem era uma espécie de documentário para televisão. Buscávamos fazer coisas diferentes dos programas tradicionais. Não abordávamos só dieta, bicho, bicho, dieta." A fala da palestrante Vivian Carneiro, ex-produtora da TV Brasil, resume a pluralidade defendida a todo momento pelas palestrantes em Caminhos para a democratização da informação, primeira mesa do segundo dia do Controversas. Formada integralmente por ex-alunas da UFF, a mesa contou também com a presença de Sheila Jacob, do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), e Raquel Júnia, repórter da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). A mediação foi da professora da UFF Sylvia Moretzsohn. 

    Vivian Carneiro frisou a importância de bons equipamentos
    para a conquista do público/Foto: Bianca Rangel
    As palestrantes apontaram alternativas para uma mídia mais plural. Vivian Carneiro, por exemplo, ressaltou os problemas técnicos como um grande empecilho ainda existente para uma comunicação pública de qualidade, principalmente no ramo televisivo, no qual trabalhou por dez anos na TV Brasil: 

    “Quem trabalha com TV pública tem dificuldades no dia-a-dia. Os equipamentos nunca são de ponta. Com a internet, é difícil conquistar o público sem apresentar qualidade técnica. Deve-se pensar em equipamentos de qualidade, isso é um caminho para a audiência”, assegurou. 

    Em sua apresentação, Sheila Jacob lembrou do papel
    das mídias comunitárias/Foto: Bianca Rangel
    Já Sheila Jacob usou o exemplo recente da greve dos professores para chamar a atenção para a necessidade de abordar de outra forma assuntos que envolvam o que chamou de "grupos silenciados" – quer dizer, que não tem voz nas mídias comerciais. Segundo Sheila é necessária uma releitura dos fatos recorrentes, que pode ser feita pelos veículos alternativos. Para isso, ela conta que o NPC tem realizado cursos de comunicação popular há mais de dez anos com o intuito de estimular a criação de mídias comunitárias. “Produzir comunicação é algo muito importante, por isso este investimento”.

    Quem também falou sobre as manifestações dos professores foi Arthur Willian, integrante do Conselho Diretor do Coletivo Intervozes. Apesar de não conseguir estar presente, ele enviou um vídeo exibido no Controversas. Arthur mostrou a constante participação, com celulares e câmeras, de quem acompanhava de muito perto os acontecimentos. “Comunicar é uma tarefa de todos nós, só assim podemos conseguir nossas vitórias”, afirmou.

    A participação de Raquel Júnia no Controversas coincidiu com o fim da greve de 15 dias da EBC. Repórter da instituição, ela contou os desafios enfrentados e as reivindicações em pauta. “A EBC nasceu para ser uma empresa pública de comunicação, para competir inclusive com as outras mídias e equilibrar essa balança entre comunicação alternativa e tradicional, que é completamente desequilibrada. No entanto, a empresa ainda não cumpre este papel. Durante esta greve nós pudemos formular o que a gente acredita que deve ser a comunicação pública.”
    Raquel Júnia falou sobre os sonhos da equipe da EBC,
     entre eles melhores condições de competir
    e respeito com os trabalhadores/Foto: Bianca Rangel

    Raquel contou que os funcionários fizeram uma árvore de sonhos da comunicação pública, assim como na EBC de São Paulo. Entre os sonhos motivadores da greve estão uma comunicação com condições técnicas de competir com outras emissoras, relações de trabalho saudáveis, respeito com os trabalhadores, espaços para democracia interna, além de uma comunicação diversa e regionalizada. “Isso não é nada novo, está na lei de criação da EBC”.

    Raquel apontou ainda o incentivo às mídias alternativas nas faculdades de Comunicação como uma boa maneira de fomentar o estabelecimento desses veículos. A jornalista está vinculada ao Fazendo Media, publicação que surgiu na UFF com o Diretório Acadêmico de Comunicação. “O Fazendo Media surgiu a partir da reflexão dos professores aqui do Iacs, que nos provocavam sempre a pensar a mídia comercial, pensar quais eram as lacunas e que atores estavam invisibilizados.”

    Da universidade ao mercado de trabalho, os sonhos da árvore de Raquel Júnia e das demais palestrantes ilustram a busca de um novo cenário da mídia brasileira.




    segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

    Nelson Lima Neto

    A postura da grande imprensa diante das novas mídias foi o tema da segunda mesa do Controversas/Foto: Bianca Rangel
    Meios públicos e comunitários, agências e redações com financiamentos coletivos e até mesmo redes sociais surgem, nos últimos anos, como opções de fonte de informação qualificada frente às grandes mídias. O resultado dessa multiplicação é a queda das receitas dos grandes conglomerados de comunicação. Diante deste cenário, o Controversas Mídias Alternativas formou a mesa O mercado tradicional diante da proliferação de vozes. Na bancada, os jornalistas Nelson Vasconcellos, editor-executivo de O Dia, e João Batista de Abreu, com passagens pelas maiores redações do país e, atualmente, professor da UFF, discutiram o tema no segundo dia do Controversas. 

    Sob a mediação da professora e chefe do Departamento de Comunicação Social da UFF Ana Baumworcel, os jornalistas concordaram é urgente uma adaptação no processo de produção e no negócio das grandes empresas. Para Nelson Vasconcellos, a grande mídia precisa ser repensada: 
    Nelson Vasconcellos falou sobre a opções de mercado
    fora da mídia tradicional/Foto: Bianca Rangel

    “Essa história de grande mídia impressa, ou de outra plataforma, não pode ser mais vista desta forma. Mesmo trabalhando em uma grande empresa, não vejo este caminho como o principal para os que estudam jornalismo atualmente. Existem outras formas de alcançar sucesso na profissão estando atrelada a realização pessoal”, explicou o editor.

    João Batista de Abreu apresentou dois aspectos importantes que envolvem os problemas relacionados à grande mídia: o monopólio do mercado e o surgimento das mídias sociais. “Hoje, vemos um grande conglomerado acumular mais de 50% dos ativos em publicidade no país. De R$ 100 investidos em comunicação, R$ 60 vão para o mesmo bolso. Isso é preocupante. Ainda mais com o fato de o investimento diminuir ano a ano”, disse o professor. 

    Para João Batista, os novos modos de disseminação da informação também contribuem com a crise. “O jornalista não é mais controlador do fato, que pode ser compartilhado nas redes sociais a qualquer momento. As redes sociais são a chave para o jornalismo do futuro”, indicou o professor do Iacs.

    João Batista e Nelson concordam que algo precisa mudar no modo de produção das grandes empresas. Para Nelson, se o jornal foca seus esforços na web, seu impresso nasce antigo. Se o mote volta a ser o papel, um negócio que perde força nos últimos anos, o site terá dificuldades para apresentar competitividade diante da disseminação de vozes. O jornalista acredita que a resposta é investir na notícia: “Atualmente, o jornalismo perde muito para a estatística. Estamos mais interessados em números e rankings. Não contamos mais histórias e a História. Não temos mais tempo para tratar a notícia e melhorá-la. É necessário que isso volte. Hoje, a credibilidade, a qualidade precisam ser os maiores bens das empresas”, concluiu Nelson. 

    João Batista vê as redes sociais como a alternativa
    para a grande mídia/Foto: Bianca Rangel

    “O que faz a democracia no jornalismo é a concorrência”, completou João Batista, tornando a  ressaltar a importância das redes sociais no contexto atual: “Este regime volta a aparecer com a chegada das mídias sociais e as diversas vozes. O melhor cenário para as grandes empresas é aceitar e trabalhar com as redes. Compartilhando conteúdo.”

    Mesa discute necessidade de adaptação das mídias tradicionais

    Postado As:  18:46  |  Em:    |  Mais informações »

    Nelson Lima Neto

    A postura da grande imprensa diante das novas mídias foi o tema da segunda mesa do Controversas/Foto: Bianca Rangel
    Meios públicos e comunitários, agências e redações com financiamentos coletivos e até mesmo redes sociais surgem, nos últimos anos, como opções de fonte de informação qualificada frente às grandes mídias. O resultado dessa multiplicação é a queda das receitas dos grandes conglomerados de comunicação. Diante deste cenário, o Controversas Mídias Alternativas formou a mesa O mercado tradicional diante da proliferação de vozes. Na bancada, os jornalistas Nelson Vasconcellos, editor-executivo de O Dia, e João Batista de Abreu, com passagens pelas maiores redações do país e, atualmente, professor da UFF, discutiram o tema no segundo dia do Controversas. 

    Sob a mediação da professora e chefe do Departamento de Comunicação Social da UFF Ana Baumworcel, os jornalistas concordaram é urgente uma adaptação no processo de produção e no negócio das grandes empresas. Para Nelson Vasconcellos, a grande mídia precisa ser repensada: 
    Nelson Vasconcellos falou sobre a opções de mercado
    fora da mídia tradicional/Foto: Bianca Rangel

    “Essa história de grande mídia impressa, ou de outra plataforma, não pode ser mais vista desta forma. Mesmo trabalhando em uma grande empresa, não vejo este caminho como o principal para os que estudam jornalismo atualmente. Existem outras formas de alcançar sucesso na profissão estando atrelada a realização pessoal”, explicou o editor.

    João Batista de Abreu apresentou dois aspectos importantes que envolvem os problemas relacionados à grande mídia: o monopólio do mercado e o surgimento das mídias sociais. “Hoje, vemos um grande conglomerado acumular mais de 50% dos ativos em publicidade no país. De R$ 100 investidos em comunicação, R$ 60 vão para o mesmo bolso. Isso é preocupante. Ainda mais com o fato de o investimento diminuir ano a ano”, disse o professor. 

    Para João Batista, os novos modos de disseminação da informação também contribuem com a crise. “O jornalista não é mais controlador do fato, que pode ser compartilhado nas redes sociais a qualquer momento. As redes sociais são a chave para o jornalismo do futuro”, indicou o professor do Iacs.

    João Batista e Nelson concordam que algo precisa mudar no modo de produção das grandes empresas. Para Nelson, se o jornal foca seus esforços na web, seu impresso nasce antigo. Se o mote volta a ser o papel, um negócio que perde força nos últimos anos, o site terá dificuldades para apresentar competitividade diante da disseminação de vozes. O jornalista acredita que a resposta é investir na notícia: “Atualmente, o jornalismo perde muito para a estatística. Estamos mais interessados em números e rankings. Não contamos mais histórias e a História. Não temos mais tempo para tratar a notícia e melhorá-la. É necessário que isso volte. Hoje, a credibilidade, a qualidade precisam ser os maiores bens das empresas”, concluiu Nelson. 

    João Batista vê as redes sociais como a alternativa
    para a grande mídia/Foto: Bianca Rangel

    “O que faz a democracia no jornalismo é a concorrência”, completou João Batista, tornando a  ressaltar a importância das redes sociais no contexto atual: “Este regime volta a aparecer com a chegada das mídias sociais e as diversas vozes. O melhor cenário para as grandes empresas é aceitar e trabalhar com as redes. Compartilhando conteúdo.”

    Gabriel Oliveira


    Mesa de abertura do Controversas discutiu o que são mídias alternativas, seu funcionamento e o retorno financeiro na área/Foto: Mayara Mendes
    Das diversas questões que nortearam a mesa de abertura da sétima edição do Controversas, uma se destacava no centro de debates sobre mídias alternativas: dá para viver desse trabalho? As respostas trazidas pelas palestrantes Beatriz Bissio, Erika Tambke, Gilka Resende e Lívia Duarte revelaram as dificuldades para a manutenção dessas mídias, mas também mostraram que é possível produzir relatos sob uma perspectiva diferente da oferecida nos meios hegemônicos e que jornalistas podem se dedicar a esse trabalho não apenas pela paixão, mas também pela realização profissional.

    Uma visão jornalística a partir do hemisfério sul

    Beatriz Bissio lembrou da trajetória
    da revista Cadernos de Terceiro Mundo:
    perseverança na manutenção do projeto/Foto: Mayara Mendes
    Repórter, editora e depois diretora da revista Cadernos de Terceiro Mundo, Beatriz Bissio colaborou com o veículo desde o surgimento, em 1974, até a sua última edição, em 2005. Nascida no Uruguai e naturalizada brasileira, a jornalista e professora vivenciou todas as dificuldades que o veículo enfrentou para ser publicado e relatou algumas histórias emblemáticas sobre a revista, como o seu caráter nômade, durante a primeira mesa do Controversas, no dia 26. 

    “Quando a nossa revista surgiu, a América do Sul estava mergulhada em regimes ditatoriais, o que tornava ainda mais difícil um projeto de jornalismo alternativo. Em função disso, íamos de um país para outro, pois éramos sempre expulsos. Mas nós éramos realmente muito teimosos e, por isso, nunca abrimos mão do projeto”, contou.

    Beatriz também traçou um paralelo entre a Cadernos de Terceiro Mundo e o jornal Correio Braziliense. O principal ponto em comum dos veículos consistia no fato de ambos terem sido fundados por brasileiros num cenário de exílio: enquanto o jornal surgiu na Inglaterra pelas mãos de um brasileiro, a revista de Beatriz foi fundada em Buenos Aires, por conta da forte repressão da época no Brasil. O lançamento da revista configurou ainda o pioneirismo do trabalho em rede, pois contava com uma equipe de jornalistas de diversos países que trabalhavam de forma colaborativa na elaboração de pautas, diversificação de fontes e execução de grandes reportagens, como lembrou a jornalista.

    Além dessas caraterísticas, uma das propostas centrais do veículo era oferecer uma visão de mundo diferente da oferecida pelos grandes veículos da época. “A mídia tradicional sempre abordava o cenário político e econômico sob a perspectiva dos países do hemisfério norte. A nossa proposta então foi mostrar como esses assuntos afetavam os países daqui do Cone Sul”, apontou Beatriz.

    A jornalista criticou o cenário de dependência dos jornais pelas agências de notícia internacionais e ressaltou que a situação hoje é ainda mais alarmante do que no período logo após o surgimento da Cadernos de Terceiro Mundo. “A informação é cada vez mais controlada por um pequeno número de empresas que, além de atuarem na área da comunicação, estão presentes também na área de finanças, o que agrava essa situação de monopólio. Esses grupos disseminam a informação da forma que querem e esse conteúdo divulgado pelas agências raramente passa por uma checagem”, enfatizou. 

    A formação de profissionais por meio do trabalho social

    Erika Tambke iniciou sua participação no Controversas destacando o trabalho desenvolvido pela agência Imagens do Povo, programa sócio-pedagógico do Observatório de Favelas. Ela lembrou que um dos grandes objetivos da agência é oferecer um outro olhar sobre as favelas do Rio de Janeiro, enfatizando aspectos positivos, que quase sempre são negligenciados pela grande imprensa


    Erika Tambke destacou o diferencial
    da agência Imagens do Povo:
    "quebramos esteriótipos"/Foto: Mayara Mendes
    “Mostramos sempre um lado diferente das favelas, que normalmente são associadas à violência e ao tráfico de drogas na mídia hegemônica. A beleza e o cotidiano dos moradores daqui também precisam ser mostrados para quebrarmos alguns estereótipos”. Dentre os temas abordados no trabalho da agência, Erika frisou que a temática das remoções é a que mais mobiliza os fotógrafos do grupo atualmente.

    Ao responder a pergunta central da mesa, feita pela professora e mediadora Carla Baiense, Erika afirmou ser possível ganhar dinheiro com o trabalho na mídia alternativa, mas salientou que nem todos conseguem ter nessa atividade a única fonte de renda. “Os nossos fotógrafos mais experientes já estão no mercado de forma que ultrapassa os vínculos com a nossa agência e, por isso, conseguem viver exclusivamente da fotografia.” Entretanto, a fotógrafa ressaltou que mesmo no mercado editorial existe uma crise no que concerne à oferta de empregos, destacando que a escassez de oportunidades se faz presente também na imprensa tradicional.


    A atuação colaborativa com as rádios comunitárias

    Recém-integrada à equipe de repórteres do jornal Brasil de Fato, Gilka Resende preferiu falar sobre sua atuação na agência Pulsar Brasil, grupo que faz parte do movimento das rádios comunitárias e produz conteúdo em áudio e texto para outras emissoras e veículos alternativos

    A respeito do trabalho na Pulsar, onde está desde 2007, Gilka frisou que a agência representa mais uma das diversas facetas das mídias alternativas e que a colaboração com as rádios comunitárias está mais focada na geração de conteúdos para esses meios do que numa atuação articulada com eles. “Eu costumo dizer que nós trabalhamos mais para as rádios comunitárias do que com elas. O que procuramos fazer é fortalecê-las oferecendo um conteúdo jornalístico, valorizando sempre questões de cunho social, fazendo uma espécie de reforma agrária do ar”, comentou.

    A jornalista explicou que o conceito de rádio comunitária no Brasil é muito diferente do observado em outros países, e deu ênfase às dificuldades impostas a essas rádios por conta das leis de comunicação no país. “Aqui, as mídias comunitárias são PPPs – pequenas, pobres e poucas – a exemplo do que acontece com outros movimentos sociais no Brasil”. 


    Gilka Rezende ressaltou desafios das rádios comunitárias/Foto: Mayara Mendes
    Ela também criticou o fato de muitos políticos possuírem concessões de rádios comunitárias que não atuam conforme sua proposta original. Outro aspecto duramente combatido por Gilka foi o movimento de criminalização desses veículos e o baixo alcance concedido a eles por parte do governo. “É inaceitável o fato de as rádios comunitárias possuírem o alcance minúsculo de 25 watts. E não é raro vermos o fechamento desses veículos. Por questões meramente burocráticas, prisões e apreensão de equipamentos são práticas frequentes”, condenou.

    Lívia Duarte afirmou ser possível
    se sustentar com trabalho
    em mídia alternativa:
    "Vivo assim desde 2008"
    /Foto: Mayara Mendes

    Das rádios comunitárias ao trabalho em ONGs


    A atuação na Pulsar Brasil também fez parte da fala de Lívia Duarte. Embora até pouco antes de deixar a universidade ela não imaginasse que pudesse viver do trabalho em mídias alternativas, foi exatamente esse meio que ofereceu a ela as primeiras oportunidades na carreira

    “Eu sempre me imaginei trabalhando em um grande jornal ou revista, conforme a trajetória de tantos outros alunos formados na UFF, mas quando eu mais precisei, foi na mídia alternativa que eu recebi uma chance de emprego. Na Pulsar eu pude trabalhar com um tipo de jornalismo que sempre quis e admirei. Então, se me perguntarem se dá para viver do trabalho na mídia alternativa, eu direi que sim, pois eu vivo assim desde 2008”, revelou.

    Já na ONG Fase, Lívia é a única jornalista que atua na organização e, por isso, uma de suas principais atividades é reforçar a importância da comunicação no grupo. “É preciso mostrar a relevância do trabalho de jornalistas em ONGs, assim como acontece em empresas. A especialização das fontes é algo que precisa acontecer para todos os lados.” Além de produzir reportagens na Fase, e trabalhar como assessora de imprensa da instituição, a jornalista atua também na articulação política com comunicadores do Brasil inteiro que trabalham com temas de relevância social

    “Eu acho que o jornalista que se coloca na mídia alternativa acaba se tornando obrigatoriamente um profissional múltiplo. Logicamente, isso também tem um lado negativo, pois acaba prejudicando que nos especializemos, mas o meu trabalho não se torna menos gratificante em função disso”. Lívia ainda propôs que uma das formas de atenuar as dificuldades de ONGs e mídias alternativas para a produção de conteúdo seria a realização de um financiamento múltiplo a esses grupos, com uma diversidade de grupos apoiadores, integrando público, governo e empresas.

    Quando o desejo de oferecer uma narrativa contra hegemônica supera as dificuldades financeiras

    Postado As:  18:11  |  Em:    |  Mais informações »

    Gabriel Oliveira


    Mesa de abertura do Controversas discutiu o que são mídias alternativas, seu funcionamento e o retorno financeiro na área/Foto: Mayara Mendes
    Das diversas questões que nortearam a mesa de abertura da sétima edição do Controversas, uma se destacava no centro de debates sobre mídias alternativas: dá para viver desse trabalho? As respostas trazidas pelas palestrantes Beatriz Bissio, Erika Tambke, Gilka Resende e Lívia Duarte revelaram as dificuldades para a manutenção dessas mídias, mas também mostraram que é possível produzir relatos sob uma perspectiva diferente da oferecida nos meios hegemônicos e que jornalistas podem se dedicar a esse trabalho não apenas pela paixão, mas também pela realização profissional.

    Uma visão jornalística a partir do hemisfério sul

    Beatriz Bissio lembrou da trajetória
    da revista Cadernos de Terceiro Mundo:
    perseverança na manutenção do projeto/Foto: Mayara Mendes
    Repórter, editora e depois diretora da revista Cadernos de Terceiro Mundo, Beatriz Bissio colaborou com o veículo desde o surgimento, em 1974, até a sua última edição, em 2005. Nascida no Uruguai e naturalizada brasileira, a jornalista e professora vivenciou todas as dificuldades que o veículo enfrentou para ser publicado e relatou algumas histórias emblemáticas sobre a revista, como o seu caráter nômade, durante a primeira mesa do Controversas, no dia 26. 

    “Quando a nossa revista surgiu, a América do Sul estava mergulhada em regimes ditatoriais, o que tornava ainda mais difícil um projeto de jornalismo alternativo. Em função disso, íamos de um país para outro, pois éramos sempre expulsos. Mas nós éramos realmente muito teimosos e, por isso, nunca abrimos mão do projeto”, contou.

    Beatriz também traçou um paralelo entre a Cadernos de Terceiro Mundo e o jornal Correio Braziliense. O principal ponto em comum dos veículos consistia no fato de ambos terem sido fundados por brasileiros num cenário de exílio: enquanto o jornal surgiu na Inglaterra pelas mãos de um brasileiro, a revista de Beatriz foi fundada em Buenos Aires, por conta da forte repressão da época no Brasil. O lançamento da revista configurou ainda o pioneirismo do trabalho em rede, pois contava com uma equipe de jornalistas de diversos países que trabalhavam de forma colaborativa na elaboração de pautas, diversificação de fontes e execução de grandes reportagens, como lembrou a jornalista.

    Além dessas caraterísticas, uma das propostas centrais do veículo era oferecer uma visão de mundo diferente da oferecida pelos grandes veículos da época. “A mídia tradicional sempre abordava o cenário político e econômico sob a perspectiva dos países do hemisfério norte. A nossa proposta então foi mostrar como esses assuntos afetavam os países daqui do Cone Sul”, apontou Beatriz.

    A jornalista criticou o cenário de dependência dos jornais pelas agências de notícia internacionais e ressaltou que a situação hoje é ainda mais alarmante do que no período logo após o surgimento da Cadernos de Terceiro Mundo. “A informação é cada vez mais controlada por um pequeno número de empresas que, além de atuarem na área da comunicação, estão presentes também na área de finanças, o que agrava essa situação de monopólio. Esses grupos disseminam a informação da forma que querem e esse conteúdo divulgado pelas agências raramente passa por uma checagem”, enfatizou. 

    A formação de profissionais por meio do trabalho social

    Erika Tambke iniciou sua participação no Controversas destacando o trabalho desenvolvido pela agência Imagens do Povo, programa sócio-pedagógico do Observatório de Favelas. Ela lembrou que um dos grandes objetivos da agência é oferecer um outro olhar sobre as favelas do Rio de Janeiro, enfatizando aspectos positivos, que quase sempre são negligenciados pela grande imprensa


    Erika Tambke destacou o diferencial
    da agência Imagens do Povo:
    "quebramos esteriótipos"/Foto: Mayara Mendes
    “Mostramos sempre um lado diferente das favelas, que normalmente são associadas à violência e ao tráfico de drogas na mídia hegemônica. A beleza e o cotidiano dos moradores daqui também precisam ser mostrados para quebrarmos alguns estereótipos”. Dentre os temas abordados no trabalho da agência, Erika frisou que a temática das remoções é a que mais mobiliza os fotógrafos do grupo atualmente.

    Ao responder a pergunta central da mesa, feita pela professora e mediadora Carla Baiense, Erika afirmou ser possível ganhar dinheiro com o trabalho na mídia alternativa, mas salientou que nem todos conseguem ter nessa atividade a única fonte de renda. “Os nossos fotógrafos mais experientes já estão no mercado de forma que ultrapassa os vínculos com a nossa agência e, por isso, conseguem viver exclusivamente da fotografia.” Entretanto, a fotógrafa ressaltou que mesmo no mercado editorial existe uma crise no que concerne à oferta de empregos, destacando que a escassez de oportunidades se faz presente também na imprensa tradicional.


    A atuação colaborativa com as rádios comunitárias

    Recém-integrada à equipe de repórteres do jornal Brasil de Fato, Gilka Resende preferiu falar sobre sua atuação na agência Pulsar Brasil, grupo que faz parte do movimento das rádios comunitárias e produz conteúdo em áudio e texto para outras emissoras e veículos alternativos

    A respeito do trabalho na Pulsar, onde está desde 2007, Gilka frisou que a agência representa mais uma das diversas facetas das mídias alternativas e que a colaboração com as rádios comunitárias está mais focada na geração de conteúdos para esses meios do que numa atuação articulada com eles. “Eu costumo dizer que nós trabalhamos mais para as rádios comunitárias do que com elas. O que procuramos fazer é fortalecê-las oferecendo um conteúdo jornalístico, valorizando sempre questões de cunho social, fazendo uma espécie de reforma agrária do ar”, comentou.

    A jornalista explicou que o conceito de rádio comunitária no Brasil é muito diferente do observado em outros países, e deu ênfase às dificuldades impostas a essas rádios por conta das leis de comunicação no país. “Aqui, as mídias comunitárias são PPPs – pequenas, pobres e poucas – a exemplo do que acontece com outros movimentos sociais no Brasil”. 


    Gilka Rezende ressaltou desafios das rádios comunitárias/Foto: Mayara Mendes
    Ela também criticou o fato de muitos políticos possuírem concessões de rádios comunitárias que não atuam conforme sua proposta original. Outro aspecto duramente combatido por Gilka foi o movimento de criminalização desses veículos e o baixo alcance concedido a eles por parte do governo. “É inaceitável o fato de as rádios comunitárias possuírem o alcance minúsculo de 25 watts. E não é raro vermos o fechamento desses veículos. Por questões meramente burocráticas, prisões e apreensão de equipamentos são práticas frequentes”, condenou.

    Lívia Duarte afirmou ser possível
    se sustentar com trabalho
    em mídia alternativa:
    "Vivo assim desde 2008"
    /Foto: Mayara Mendes

    Das rádios comunitárias ao trabalho em ONGs


    A atuação na Pulsar Brasil também fez parte da fala de Lívia Duarte. Embora até pouco antes de deixar a universidade ela não imaginasse que pudesse viver do trabalho em mídias alternativas, foi exatamente esse meio que ofereceu a ela as primeiras oportunidades na carreira

    “Eu sempre me imaginei trabalhando em um grande jornal ou revista, conforme a trajetória de tantos outros alunos formados na UFF, mas quando eu mais precisei, foi na mídia alternativa que eu recebi uma chance de emprego. Na Pulsar eu pude trabalhar com um tipo de jornalismo que sempre quis e admirei. Então, se me perguntarem se dá para viver do trabalho na mídia alternativa, eu direi que sim, pois eu vivo assim desde 2008”, revelou.

    Já na ONG Fase, Lívia é a única jornalista que atua na organização e, por isso, uma de suas principais atividades é reforçar a importância da comunicação no grupo. “É preciso mostrar a relevância do trabalho de jornalistas em ONGs, assim como acontece em empresas. A especialização das fontes é algo que precisa acontecer para todos os lados.” Além de produzir reportagens na Fase, e trabalhar como assessora de imprensa da instituição, a jornalista atua também na articulação política com comunicadores do Brasil inteiro que trabalham com temas de relevância social

    “Eu acho que o jornalista que se coloca na mídia alternativa acaba se tornando obrigatoriamente um profissional múltiplo. Logicamente, isso também tem um lado negativo, pois acaba prejudicando que nos especializemos, mas o meu trabalho não se torna menos gratificante em função disso”. Lívia ainda propôs que uma das formas de atenuar as dificuldades de ONGs e mídias alternativas para a produção de conteúdo seria a realização de um financiamento múltiplo a esses grupos, com uma diversidade de grupos apoiadores, integrando público, governo e empresas.

    terça-feira, 19 de novembro de 2013

    Gabriel Oliveira


    Segunda edição do "Redes, Ruas, Mídias" contou com auditório lotado para debate de assuntos que estarão também no próximo Controversas/ Foto: Bruno Sarmet 


    Discussões sobre o crescente descrédito de instituições como governo, polícia, imprensa hegemônica e movimentos sociais marcaram a segunda edição do seminário “Redes, Ruas, Mídias: Revolta e Reação”. O tema do evento foi “Crise da Representação Política, Assembleia Constituinte, Reforma e outras questões”, e mobilizou alunos e professores, que lotaram o auditório Macunaíma do Instituto de Letras da UFF. Muitos dos temas abordados estarão em pauta também no Controversas, como democratização da mídia e formas alternativas de financiamento para coberturas jornalísticas.

    O ciclo de debates, promovido pelo Departamento de Comunicação da UFF, foi realizado no dia 22 de outubro. Compuseram a mesa do seminário a jornalista e professora da UFF, Sylvia Moretzsohn, o cientista político e professor de Relações Internacionais da UFF, Eduardo Heleno, o filósofo e professor de Direito da UFRRJ, Alexandre Mendes, e as mestrandas do Programa de Pós-Graduação em Mídia e Cotidiano da UFF e ativistas do coletivo de mídia Rede Alternativa, Camille Perissé e Natália Kleinsorgen. A mediação foi feita pela publicitária e professora da UFF Ana Paula Bragaglia.

    Camille Perissé comentou que a crise de representatividade das grandes corporações midiáticas já era percebida por alguns grupos pouco antes da popularização da internet, mas ressalvou que a parcela da população que questiona a veracidade das informações divulgadas pelas empresas jornalísticas ainda é pequena. Ela também relatou que houve uma mudança de percepção sobre a imprensa por aqueles que participaram das manifestações iniciadas em junho. 

    “Muitas pessoas que integraram os protestos começaram a notar que as coberturas jornalísticas não correspondiam ao que estava realmente acontecendo”. A estudante considera o boicote ao trabalho de jornalistas de grandes jornais e emissoras de TV como uma expressão legítima do descontentamento dos ativistas com essas empresas. “Havia de fato tentativas de impedir o trabalho desses repórteres, o que consistia inclusive na depredação de carros e demais equipamentos utilizados nessas coberturas. Acho que antes de julgarmos e rejeitarmos esse tipo de atitude, rotulando as pessoas que fazem isso como vândalos, nós devemos tentar entender as motivações e o significado ideológico por trás dessa postura”, acrescentou.

    Camille Perissé e Nathália Kleinsorgen ressaltaram inexistência de hierarquia na mídia alternativa/ Foto: Bruno Sarmet 
    Natália Kleinsorgen explicou que o debate ético a respeito das coberturas feitas pela Rede Alternativa está sempre em pauta, em função das diferenças de seus integrantes. “Há aqueles que acreditam que uma cobertura adequada deve apresentar o mosaico de vozes relacionadas a um fato, enquanto outros defendem a apresentação do lado dos acontecimentos que não é abordado na grande imprensa, pois esse posicionamento já exerceria um papel importante na elaboração de um contra discurso”, argumentou. 

    Natália destacou também que há grandes dificuldades para coberturas com uma variada gama de vozes, pois os veículos alternativos dispõem de poucos recursos financeiros e humanos. “Além de faltar dinheiro, há pouca gente disposta a trabalhar conosco e mesmo as pessoas que trabalham não têm muito tempo para dedicar às nossas coberturas. Temos muito mais dificuldades no acesso a uma fonte oficial do que repórteres de grandes jornais ou emissoras de TV, por exemplo”. A midiativista ressaltou ainda que uma das principais características do trabalho em rede é a inexistência de hierarquia. Ela afirmou que há somente uma divisão de funções entre os membros da equipe, o que reflete o caráter colaborativo do grupo.

    Sylvia Moretzsohn criticou a postura de violência
     contra a imprensa hegemônica: "Lógica de milícia"/
    Foto: Bruno Sarmet
    Opondo-se ao posicionamento de Camille e Natália, Sylvia Moretzsohn condenou o impedimento do trabalho de jornalistas da grande mídia. No momento do debate com o público do evento, ela criticou o fato de tanto as mídias alternativas quanto alguns grupos de manifestantes usarem a violência como ferramenta de intimidação a repórteres, fotógrafos e demais funcionários da imprensa tradicional. 

    “É alarmante perceber que um grupo se considera no direito de determinar quem pode ou não estar presente em um protesto. Essa é uma maneira de determinar que o espaço público é pertencente a um determinado grupo, o que na minha opinião é uma lógica de milícia”, afirmou Sylvia. 

    A professora também se posicionou contra a postura de neutralidade de alguns membros da mídia alternativa, que, apesar de não declararem apoio às agressões contra outros jornalistas, também não opõem a elas. “É preciso condenar enfaticamente o uso da violência contra repórteres. Eu nunca vi um membro da mídia alternativa ser declaradamente contra as agressões que vem sendo promovidas. Pensando desta forma, estaremos permitindo que a qualquer hora dessas um repórter seja linchado por um grupo midiativista por trabalhar na imprensa hegemônica”, exclamou.

    Em outro momento do seminário, Sylvia relacionou o neoliberalismo ao endurecimento do Estado penal. Na opinião da professora, a diminuição de ações do Estado no âmbito social provoca esse efeito em que as leis punitivas tornam-se cada vez mais rigorosas e punitivas. “O neoliberalismo cria uma massa de indivíduos marginalizados e, para contê-la, cria um Estado penal forte e, invariavelmente, repressivo. Não é por acaso que nos Estados Unidos, por exemplo, o encarceramento cresceu tanto a partir dos anos 1980. O mesmo vem ocorrendo no Brasil, com os constantes projetos de endurecimento do Código Penal”, pontuou.

    A respeito do tema central do ciclo de debates, a jornalista discorda do argumento de que não há representatividade em nenhum partido político. Na visão de Sylvia, ainda que minoritários e com baixa ou até mesmo nula presença parlamentar, existem partidos que refletem os anseios populares. Ela não concorda com a rejeição absoluta aos partidos, como foi visto em algumas manifestações recentes. 
    “Obviamente, nenhum partido representará integralmente cada pessoa. Para que isso ocorresse, cada indivíduo precisaria criar o seu, o que é evidentemente inviável”, disse Sylvia. A professora criticou partidos que trabalham unicamente com a ideia de rejeição a tudo o que está relacionado ao governo vigente, mas mantêm muitas dessas estruturas quando assumem o poder. Para a professora, deve haver responsabilidade mesmo quando se é oposição, uma vez que existe um grupo de eleitores que se identificam com os ideais defendidos por um partido e são frustrados quando o prometido cenário de grandes mudanças, além de não se concretizar, permanece semelhante ao anteriormente combatido.

    Outros palestrantes
    Professor de Relações Internacionais da UFF,  Eduardo Heleno
    abriu o evento com referência a pensadores/ Foto: Bruno Sarmet
    Primeiro a falar no seminário, Eduardo Heleno fez uma abordagem histórica sobre as estruturas do Estado e da sociedade, e citou pensadores como Locke, Maquiavel, Montesquieu, Rousseau e Marx. O professor buscou explicar as razões que causam hoje uma insatisfação popular com as estruturas de governo atuais. Ao falar da obra “O Príncipe”, de Maquiavel, Heleno destacou a preocupação do autor com o estado das coisas, que alegava ser possível haver soberania do Estado com o controle de alguns setores específicos, como a segurança.

    Ao referir-se ao pensamento de Thomas Hobbes, Heleno frisou que o filósofo acreditava ser a sobrevivência do Estado dependente de uma força de coesão baseada numa figura mítica criada por ele: o Leviatã. “Seguindo essa lógica de Hobbes, as pessoas se uniriam para evitar uma guerra civil, devido ao temor pelas consequências da própria guerra. É um pacto entre Estado e povo pautado pelo medo”, disse. 

    O cientista político apresentou ainda teses defendidas por outros pensadores, como Locke, que acreditava na persuasão dos cidadãos, onde cada um deles teria direitos naturais, entre eles a propriedade e a liberdade; Mostesquieu, que não via futuro no sistema monárquico e imaginava a chegada de uma nova ordem, na qual deveria manter-se um equilíbrio por meio da divisão de poderes; e Rousseau, que enxergava na propriedade um instrumento de desigualdade. 
    Professor de direito na UFFRJ Alexandre Mendes falou
    sobre a crise de representatividade do poder
    no cenário das manifestações/ Foto: Bruno Sarmet

    Analisando o cenário político do Brasil após a reconquista da democracia e demais aspectos de nossa política, Alexandre Mendes foi o segundo a falar e lembrou que as lutas por meio dos protestos foram além do universo dos grandes centros, classificando a região da Baixada Fluminense como uma das mais prejudicadas pela falta de representatividade no Rio de Janeiro. 

    O professor salientou que, historicamente, a conquista da representação política ocorreu em função de um processo de luta revolucionária, com grande uso de violência em muitos casos. Ele também ressaltou que a batalha por um regime representativo possui um caráter progressista. “Todas essas conquistas são fruto de um processo de luta anterior, hoje secular. Trata-se de um regime progressista, principalmente por incorporar, no âmbito da representação política, as classes subalternas”, acrescentou.

    Mendes não considera que a onda de manifestações populares seja inédita, no atual cenário de crise de representatividade das instituições do Estado e político-partidárias. Ele destacou que houve uma crise institucional no período precedente à Assembleia Constituinte de 1988. “Nessa época, a batalha pela participação popular foi de suma importância, porque, a princípio, o Congresso Constituinte funcionava segundo as regras do regime parlamentar no âmbito da representação. O transtorno causado pela participação de muitas pessoas nesse período da Constituinte foi, na visão de muitos, fundamental para que as emendas populares fossem incorporadas e depois se tornassem um texto constitucional.”

    O filósofo enxerga a crise de representação como um fator estrutural da política brasileira, especialmente no que diz respeito à política autônoma das classes subalternas. “O fato de um indivíduo pertencer a esse grupo não garante que ele vá representar os interesses históricos da classe a que pertence quando ocupar um cargo parlamentar. Por outro lado, as classes dominantes brasileiras sempre tiveram uma pronta resposta, por meio de ações militares, às situações em que os mais pobres se organizavam em torno de um movimento autônomo. Nas manifestações atuais, porém, esse amparo repressivo não tem apresentado o mesmo efeito”, afirmou.


    Ao final das apresentações, o público, em torno de 100 pessoas, pode fazer perguntas aos palestrantes para o aprofundamento do debate. As indagações abordaram temas como o papel exercido pelas mídias hegemônicas e alternativas na cobertura de manifestações e os interesses envolvidos nos recortes feitos por esses dois modelos de imprensa.

    ‘Redes, Ruas, Mídias: Revolta e Reação’ debate simbolismo de protestos e crise de representatividade política e midiática

    Postado As:  05:18  |  Em:    |  Mais informações »

    Gabriel Oliveira


    Segunda edição do "Redes, Ruas, Mídias" contou com auditório lotado para debate de assuntos que estarão também no próximo Controversas/ Foto: Bruno Sarmet 


    Discussões sobre o crescente descrédito de instituições como governo, polícia, imprensa hegemônica e movimentos sociais marcaram a segunda edição do seminário “Redes, Ruas, Mídias: Revolta e Reação”. O tema do evento foi “Crise da Representação Política, Assembleia Constituinte, Reforma e outras questões”, e mobilizou alunos e professores, que lotaram o auditório Macunaíma do Instituto de Letras da UFF. Muitos dos temas abordados estarão em pauta também no Controversas, como democratização da mídia e formas alternativas de financiamento para coberturas jornalísticas.

    O ciclo de debates, promovido pelo Departamento de Comunicação da UFF, foi realizado no dia 22 de outubro. Compuseram a mesa do seminário a jornalista e professora da UFF, Sylvia Moretzsohn, o cientista político e professor de Relações Internacionais da UFF, Eduardo Heleno, o filósofo e professor de Direito da UFRRJ, Alexandre Mendes, e as mestrandas do Programa de Pós-Graduação em Mídia e Cotidiano da UFF e ativistas do coletivo de mídia Rede Alternativa, Camille Perissé e Natália Kleinsorgen. A mediação foi feita pela publicitária e professora da UFF Ana Paula Bragaglia.

    Camille Perissé comentou que a crise de representatividade das grandes corporações midiáticas já era percebida por alguns grupos pouco antes da popularização da internet, mas ressalvou que a parcela da população que questiona a veracidade das informações divulgadas pelas empresas jornalísticas ainda é pequena. Ela também relatou que houve uma mudança de percepção sobre a imprensa por aqueles que participaram das manifestações iniciadas em junho. 

    “Muitas pessoas que integraram os protestos começaram a notar que as coberturas jornalísticas não correspondiam ao que estava realmente acontecendo”. A estudante considera o boicote ao trabalho de jornalistas de grandes jornais e emissoras de TV como uma expressão legítima do descontentamento dos ativistas com essas empresas. “Havia de fato tentativas de impedir o trabalho desses repórteres, o que consistia inclusive na depredação de carros e demais equipamentos utilizados nessas coberturas. Acho que antes de julgarmos e rejeitarmos esse tipo de atitude, rotulando as pessoas que fazem isso como vândalos, nós devemos tentar entender as motivações e o significado ideológico por trás dessa postura”, acrescentou.

    Camille Perissé e Nathália Kleinsorgen ressaltaram inexistência de hierarquia na mídia alternativa/ Foto: Bruno Sarmet 
    Natália Kleinsorgen explicou que o debate ético a respeito das coberturas feitas pela Rede Alternativa está sempre em pauta, em função das diferenças de seus integrantes. “Há aqueles que acreditam que uma cobertura adequada deve apresentar o mosaico de vozes relacionadas a um fato, enquanto outros defendem a apresentação do lado dos acontecimentos que não é abordado na grande imprensa, pois esse posicionamento já exerceria um papel importante na elaboração de um contra discurso”, argumentou. 

    Natália destacou também que há grandes dificuldades para coberturas com uma variada gama de vozes, pois os veículos alternativos dispõem de poucos recursos financeiros e humanos. “Além de faltar dinheiro, há pouca gente disposta a trabalhar conosco e mesmo as pessoas que trabalham não têm muito tempo para dedicar às nossas coberturas. Temos muito mais dificuldades no acesso a uma fonte oficial do que repórteres de grandes jornais ou emissoras de TV, por exemplo”. A midiativista ressaltou ainda que uma das principais características do trabalho em rede é a inexistência de hierarquia. Ela afirmou que há somente uma divisão de funções entre os membros da equipe, o que reflete o caráter colaborativo do grupo.

    Sylvia Moretzsohn criticou a postura de violência
     contra a imprensa hegemônica: "Lógica de milícia"/
    Foto: Bruno Sarmet
    Opondo-se ao posicionamento de Camille e Natália, Sylvia Moretzsohn condenou o impedimento do trabalho de jornalistas da grande mídia. No momento do debate com o público do evento, ela criticou o fato de tanto as mídias alternativas quanto alguns grupos de manifestantes usarem a violência como ferramenta de intimidação a repórteres, fotógrafos e demais funcionários da imprensa tradicional. 

    “É alarmante perceber que um grupo se considera no direito de determinar quem pode ou não estar presente em um protesto. Essa é uma maneira de determinar que o espaço público é pertencente a um determinado grupo, o que na minha opinião é uma lógica de milícia”, afirmou Sylvia. 

    A professora também se posicionou contra a postura de neutralidade de alguns membros da mídia alternativa, que, apesar de não declararem apoio às agressões contra outros jornalistas, também não opõem a elas. “É preciso condenar enfaticamente o uso da violência contra repórteres. Eu nunca vi um membro da mídia alternativa ser declaradamente contra as agressões que vem sendo promovidas. Pensando desta forma, estaremos permitindo que a qualquer hora dessas um repórter seja linchado por um grupo midiativista por trabalhar na imprensa hegemônica”, exclamou.

    Em outro momento do seminário, Sylvia relacionou o neoliberalismo ao endurecimento do Estado penal. Na opinião da professora, a diminuição de ações do Estado no âmbito social provoca esse efeito em que as leis punitivas tornam-se cada vez mais rigorosas e punitivas. “O neoliberalismo cria uma massa de indivíduos marginalizados e, para contê-la, cria um Estado penal forte e, invariavelmente, repressivo. Não é por acaso que nos Estados Unidos, por exemplo, o encarceramento cresceu tanto a partir dos anos 1980. O mesmo vem ocorrendo no Brasil, com os constantes projetos de endurecimento do Código Penal”, pontuou.

    A respeito do tema central do ciclo de debates, a jornalista discorda do argumento de que não há representatividade em nenhum partido político. Na visão de Sylvia, ainda que minoritários e com baixa ou até mesmo nula presença parlamentar, existem partidos que refletem os anseios populares. Ela não concorda com a rejeição absoluta aos partidos, como foi visto em algumas manifestações recentes. 
    “Obviamente, nenhum partido representará integralmente cada pessoa. Para que isso ocorresse, cada indivíduo precisaria criar o seu, o que é evidentemente inviável”, disse Sylvia. A professora criticou partidos que trabalham unicamente com a ideia de rejeição a tudo o que está relacionado ao governo vigente, mas mantêm muitas dessas estruturas quando assumem o poder. Para a professora, deve haver responsabilidade mesmo quando se é oposição, uma vez que existe um grupo de eleitores que se identificam com os ideais defendidos por um partido e são frustrados quando o prometido cenário de grandes mudanças, além de não se concretizar, permanece semelhante ao anteriormente combatido.

    Outros palestrantes
    Professor de Relações Internacionais da UFF,  Eduardo Heleno
    abriu o evento com referência a pensadores/ Foto: Bruno Sarmet
    Primeiro a falar no seminário, Eduardo Heleno fez uma abordagem histórica sobre as estruturas do Estado e da sociedade, e citou pensadores como Locke, Maquiavel, Montesquieu, Rousseau e Marx. O professor buscou explicar as razões que causam hoje uma insatisfação popular com as estruturas de governo atuais. Ao falar da obra “O Príncipe”, de Maquiavel, Heleno destacou a preocupação do autor com o estado das coisas, que alegava ser possível haver soberania do Estado com o controle de alguns setores específicos, como a segurança.

    Ao referir-se ao pensamento de Thomas Hobbes, Heleno frisou que o filósofo acreditava ser a sobrevivência do Estado dependente de uma força de coesão baseada numa figura mítica criada por ele: o Leviatã. “Seguindo essa lógica de Hobbes, as pessoas se uniriam para evitar uma guerra civil, devido ao temor pelas consequências da própria guerra. É um pacto entre Estado e povo pautado pelo medo”, disse. 

    O cientista político apresentou ainda teses defendidas por outros pensadores, como Locke, que acreditava na persuasão dos cidadãos, onde cada um deles teria direitos naturais, entre eles a propriedade e a liberdade; Mostesquieu, que não via futuro no sistema monárquico e imaginava a chegada de uma nova ordem, na qual deveria manter-se um equilíbrio por meio da divisão de poderes; e Rousseau, que enxergava na propriedade um instrumento de desigualdade. 
    Professor de direito na UFFRJ Alexandre Mendes falou
    sobre a crise de representatividade do poder
    no cenário das manifestações/ Foto: Bruno Sarmet

    Analisando o cenário político do Brasil após a reconquista da democracia e demais aspectos de nossa política, Alexandre Mendes foi o segundo a falar e lembrou que as lutas por meio dos protestos foram além do universo dos grandes centros, classificando a região da Baixada Fluminense como uma das mais prejudicadas pela falta de representatividade no Rio de Janeiro. 

    O professor salientou que, historicamente, a conquista da representação política ocorreu em função de um processo de luta revolucionária, com grande uso de violência em muitos casos. Ele também ressaltou que a batalha por um regime representativo possui um caráter progressista. “Todas essas conquistas são fruto de um processo de luta anterior, hoje secular. Trata-se de um regime progressista, principalmente por incorporar, no âmbito da representação política, as classes subalternas”, acrescentou.

    Mendes não considera que a onda de manifestações populares seja inédita, no atual cenário de crise de representatividade das instituições do Estado e político-partidárias. Ele destacou que houve uma crise institucional no período precedente à Assembleia Constituinte de 1988. “Nessa época, a batalha pela participação popular foi de suma importância, porque, a princípio, o Congresso Constituinte funcionava segundo as regras do regime parlamentar no âmbito da representação. O transtorno causado pela participação de muitas pessoas nesse período da Constituinte foi, na visão de muitos, fundamental para que as emendas populares fossem incorporadas e depois se tornassem um texto constitucional.”

    O filósofo enxerga a crise de representação como um fator estrutural da política brasileira, especialmente no que diz respeito à política autônoma das classes subalternas. “O fato de um indivíduo pertencer a esse grupo não garante que ele vá representar os interesses históricos da classe a que pertence quando ocupar um cargo parlamentar. Por outro lado, as classes dominantes brasileiras sempre tiveram uma pronta resposta, por meio de ações militares, às situações em que os mais pobres se organizavam em torno de um movimento autônomo. Nas manifestações atuais, porém, esse amparo repressivo não tem apresentado o mesmo efeito”, afirmou.


    Ao final das apresentações, o público, em torno de 100 pessoas, pode fazer perguntas aos palestrantes para o aprofundamento do debate. As indagações abordaram temas como o papel exercido pelas mídias hegemônicas e alternativas na cobertura de manifestações e os interesses envolvidos nos recortes feitos por esses dois modelos de imprensa.

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